segunda-feira, 11 de abril de 2011

Trágico ~




Joana sempre questionava o poder que existe das falas das pessoas que amam.
Cada palavra por mais justa que parecesse levava junto uma carga pesada que quando depositada no outrem fazia arriar as bases de tão robustas que deixava até as bocas entreabertas.
Bigornas-palavras era conclusão que ela sempre chegava.
Sua mãe quando pequena falava sempre que ela era uma menina que vivia no mundo das lua; e no fundo no fundo ela gostava de ouvir isso pois acreditava que as lua tinha um poder cósmico se fazendo de cenário para presenciar as dores e alegrias que lhe acontecia.A vida era como uma aventura presente e o futuro a perspectiva da continuação.
Esse era mais um dos mistérios que ela se permitia questionar, cada pergunta por mais simplória que fosse tinha a capacidade de fazer aparecer mais uma parte do seu mundo de idéias experimentando com tudo sensações indizíveis.
Por um tempo Joana foi feliz enquanto se questionava acerca do mundo e do que ia além dele, mas a medida que crescia, seus sonhos pareciam falidos e as pessoas tratavam logo de dizer que eram em demasia pequenos e delirantes.
Até quem a amava compartilhava do mesmo pensamento, sua mãe já não dizia que vivia no mundo da lua agora desabava sobre ela falas cruéis de quem parece não ter sentimento com o próximo que dirá com uma parte de si mesma.
Joana já não tinha desejos de ver o pôr-do-sol e muito menos de se perguntar os porquês do dia, as nuvens e seus desenhos já não tinham mais graça e as arvores antes belas, agora eram inanimadas.
Tudo por que alguém disse uma palavra 'maldita', por que lhe fecharam a porta das possibilidade, por que colocaram fronteiras onde não havia lugar.
Quando percebeu já não comia, não saia, não falava, não pensava.
E desse desencontro de letras que fora não pensado quando percebeu sua mãe; a filha não mais também vivia.
Na pálida face de Joana somente a contemplação do futuro que agora transcendia o mundo que ela já não mais entendia.
Os balidos de sua mãe entre o silencio da morte que agora a ouvia.

Naykaa



!(Tentando escrever tal como o poeta Alvares de Azevedo em seu livro Noite na Taverna.
Quem me dera chegar aos pés dele).